Buscar uma alimentação saudável, ler rótulos, querer saber a origem dos alimentos. Tudo isso é bom e faz parte da vida de quem exige qualidade na hora de se alimentar. No entanto, estes mesmos comportamentos podem virar sintomas da ortorexia, a partir do momento em que comer deixa de ser algo natural e passa a ser visto como uma enorme preocupação.
Primeiro, vamos entender: o que é Ortorexia?
Para entender como isso começa, vale voltarmos para a origem da palavra. “Ortho” significa “correto”, e “orexis”, “apetite”, ou seja, apetite / comer corretamente, o que já nos dá uma boa noção do que se trata o problema.
Essa condição ainda não é reconhecida oficialmente como transtorno alimentar, embora já seja tratada dessa forma por profissionais da saúde. Por esse mesmo motivo, ainda não há diagnóstico fechado, mas alguns sintomas da ortorexia já estão bem definidos e podem ser identificados por um nutricionista especializado.
A princípio, a pessoa não enxerga o problema, porque entende que está no controle da situação. Pode até sentir um grande orgulho por ser tão criterioso com a própria alimentação.
Quem está ao redor também não percebe com tanta facilidade, afinal, comer de forma saudável é algo muito valorizado na nossa sociedade.
De fato, preocupar-se com a qualidade dos alimentos faz muita diferença na nossa saúde! Mas é preciso ficar atento ao se reconhecer em alguns dos sintomas da ortorexia mais comuns.
Sintomas da ortorexia: quando começar a se preocupar?
Os principais sintomas da ortorexia estão ligados aos aspectos comportamentais. A princípio, ocorre um aumento de preocupação em torno dos alimentos. A pessoa começa a querer saber todos os detalhes do que vai comer, e gasta boa parte do dia pensando em comida – não necessariamente no valor nutricional, mas sim, na origem das coisas.
Diferente de outros distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia, por exemplo, o foco não é ter um corpo magro, mas sim, uma alimentação “perfeita”, pura e o mais limpa possível. Com isso, vêm também as restrições.
Muitos fazem mudanças radicais na alimentação por conta própria, tirando, por exemplo, itens como glúten, lactose, açúcar, gordura, produtos industrializados ou não-orgânicos.
Aliás, tadinha da gordura, super demonizada nos dias atuais. Afinal, gordura, pode? Eu sou nutricionista e digo SIM! Dá o play para entender:
Outro sintoma da ortorexia bastante comum é o famoso “pitaco” no prato alheio. A pessoa tenta incluir, em todas as rodas de conversa, assuntos relacionados a dietas, às propriedades e benefícios dos alimentos.
Ao mesmo tempo, também observamos uma mudança na vida social, que acaba sendo prejudicada. Churrascos, casamentos, aniversários e qualquer outra ocasião que tenha comida vira um grande problema. Diante disso, a pessoa recusa convites, ou então leva a própria comida, justificando que não pode “sair da linha”.
Esse grau de radicalismo também pode vir a afetar a parte física, e os sintomas da ortorexia passam a se manifestar em aspectos físicos e psicológicos a chegada de uma possível desnutrição: queda de cabelo, unhas fracas, pele ressecada, desmaios, dor de cabeça, falhas no ciclo menstrual, irritação e dificuldade de concentração
Na mira da ortorexia
Já que estamos falando sobre os sintomas da ortorexia, acho que vale falar sobre o público que é mais suscetível a desenvolver esse distúrbio.
O artigo “Ortorexia nervosa: reflexões sobre um novo conceito“, publicado na Revista de Nutrição, da PUC Campinas, em 2011, alerta que “estudantes de medicina, médicos, nutricionistas, pessoas com sintomas de ansiedade, obsessivo-compulsivos e aqueles que supervalorizam o corpo perfeito” são as pessoas mais vulneráveis a esta condição.
Um outro estudo conduzido pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), de 2017, com 141 alunos do curso de Nutrição, mostrou que mais 87% dos estudantes demonstraram comportamentos alimentares com tendência à ortorexia nervosa.
Esses são apenas alguns dados relevantes, mas é importante ressaltar que qualquer pessoa pode desenvolver o quadro, a partir do momento em que comer saudável deixa de ser um estilo de vida e vira uma obsessão.
Teste: você tem estes sintomas da ortorexia?
A ortorexia nervosa foi descrita pela primeira vez pelo médico Steven Bratman, em 1996. Ele também desenvolveu um teste com indicadores interessantes sobre essa condição. Você pode encontrar o teste original no site dele (The Bratman Orthorexia Self-Test), mas aqui está um resumo dos pontos, traduzidos livremente.
Veja se você se identifica com alguns destes comportamentos:
- Passo tanto tempo pensando em comida e preparando refeições saudáveis que isso acaba prejudicando outras esferas da minha vida vida.
- Quando como algo que não considero saudável, me sinto ansioso, culpado e “sujo”.
- Minha felicidade e autoestima depende do quão certo estou comendo.
- Às vezes, eu queria relaxar dessas regras, mas sinto que não posso.
- Com o passar do tempo, expandi minha lista de regras sobre comida na tentativa de alcançar benefícios à saúde.
- Seguir minha teoria me fez perder mais peso ou perceber sintomas de desnutrição.
Gostaria de adicionar outros indicadores, que, para mim, podem gerar não só ortorexia mas como outros distúrbios:
- Vivo entrando e saindo de dieta restritiva.
- Quando “falho” na dieta, sinto que preciso me punir, fazendo jejum, procurando outras dietas ou ficando mais tempo na academia.
Lembrando que culpa, punição e restrição não deveriam fazer parte de um estilo de vida saudável. Ser saudável é cuidar do seu corpo com gentileza, ouvindo sinais de fome e saciedade e também cuidando da parte comportamental – compreendendo que comer não é só se nutrir, mas também um importante ato social.
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Nele eu não vou falar sobre as últimas dietas da moda, alimentos milagrosos e fórmulas mágicas de emagrecimento (até porque não acredito em nada disso). Eu vou te ajudar a identificar o seu comportamento e relacionamento em frente a comida.
A minha missão é fazer com que você possa encarar a alimentação como algo prazeroso e sem estresses, e muito menos culpa. Com algumas dicas práticas, você poderá alcançar ou manter o seu peso saudável, de forma duradoura. Sem ficar a todo tempo se preocupando com rótulos, origem dos alimentos e “pureza”.
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E se você sente que está passando um pouco da conta na hora de escolher os alimentos que vai consumir, procure a ajuda de um nutricionista especializado e recupere a paz na hora de comer!
Bon appétit!
Agora que você já conhece os sintomas da Ortorexia, aconselho que você leia também estes outros artigos:
- Tudo sobre Ortorexia nervosa: o que é, causas, sinais, tratamento e mais
- Saiba como emagrecer sem dieta e sem sofrimento
- Como controlar a ansiedade por doces? Você passa por isso?
E você, tem passado ou conhece alguém que apresenta alguns desses sintomas? Lembre-se, o diagnóstico preciso só pode ser dado por um médico especializado.