O modelo transteórico é um instrumento de apoio para a mudança comportamental do indivíduo.
Seja para mudar hábitos alimentares, combater a dependência química, ansiedade e diversos outros comportamentos, essa abordagem é dividida em 5 etapas:
- Pré-contemplação;
- Contemplação;
- Decisão ou preparação;
- Ação;
- Manutenção.
Foi desenvolvido por James Prochaska e Carlo DiClemente, 2 pesquisadores norte-americanos que realizavam estudos com tabagistas. No entanto, eles elaboraram os princípios básicos para explicar a mudança de comportamento para ser aplicado para diversos hábitos.
Mais à frente vou explicar para vocês cada um desses estágios de mudança comportamental, mas antes gostaria de explicar para você a importância de usar essa ferramenta em seus atendimentos.
Vamos lá?
Por que usar o modelo transteórico?
Geralmente em atendimentos com profissionais de saúde, e principalmente naqueles tratamentos em que é desejável uma mudança de comportamento alimentar, considera-se que os pacientes já estão prontos para mudar, o que pode não ser verdade.
Pensando nisso, o modelo transteórico pode contribuir com o tratamento, uma vez que vai levar em consideração os distintos estágios de mudança comportamental e as atitudes relacionadas à alimentação e à saúde, correspondentes a eles.
A abordagem do modelo transteórico tem as mudanças comportamentais, determinantes para um estilo de vida saudável, como um elemento central. No entanto, apenas recentemente a Nutrição e a Saúde têm dado atenção ao comportamento alimentar, que é tão importante quanto o que comemos, surgindo inclusive, a abordagem da Nutrição Comportamental.
Em qualquer um dos estágios acima, o profissional de saúde pode ajudar o paciente no processo de mudança, pensando junto com ele sobre as barreiras que o impede de mudar, buscando soluções para os seus problemas, estimulando a motivação e proporcionando melhores resultados e mais saúde para o paciente.
Como aplicar? modelo transteórico e os 5 estágios de mudança comportamental
1 – Pré-contemplação
Nessa etapa dos estágios de mudança comportamental, as frases “Eu não posso” e “Eu não quero” são bem representativas. Existe uma negação ou simplesmente o paciente desconhece que tem um problema. Ele pode estar resistente e defensivo diante da possibilidade de mudança de comportamento alimentar.
Como o paciente não está pronto para mudar, o profissional de saúde deve agir justamente no estabelecimento de uma relação de confiança, sem julgamentos e evitando confrontos. É o momento de estimular a motivação e apresentar ao paciente os riscos dos seus comportamentos e hábitos atuais.
Esse também pode ser o momento de perceber-se como se está no momento presente, ou seja, buscar a auto aceitação como primeiro passo para a mudança, como mostro nesse vídeo:
2 – Contemplação
É o momento em que o paciente pensa: “eu poderia”. Ele começa a desejar a mudança, mas ainda não está totalmente certo sobre isso.
O profissional pode ajudar o paciente identificando os problemas e definindo com ele metas simples que podem ajudá-lo a se sentir mais seguro e a perceber mais os “prós” que os “contras” da mudança de comportamento nutricional.
3 – Decisão ou preparação
“Eu posso” e “Eu vou” são frases que representam esse estágio. O paciente pretende alterar seu comportamento em um período próximo, na semana ou no mês que vem, por exemplo. Ele se sente comprometido e confiante.
Esse seria o paciente “ideal”, pois está pronto para mudar. Sempre em conjunto com ele, o profissional pode construir um plano de mudança que seja adequado e viável, considerando também as dificuldades que inevitavelmente irão surgir. Pensar o que pode ser feito diante das problemáticas e quando as coisas não saem exatamente como o planejado.
Você também pode trabalhar com seu paciente a necessidade de ser flexível e de não se cobrar tanto, lembrando que as mudanças de comportamento alimentar devem ser graduais e de acordo com o tempo de cada um.
4 – Ação
“Eu sou” e “Eu faço” são frases que ilustram muito bem esse estágio de mudança, pois, de fato, o paciente alterou seu comportamento. É um momento que requer bastante comprometimento para colocar em prática o que foi planejado. É necessário ter em mente que nessa etapa podem existir impulsos para retornar a comportamentos do passado.
O profissional deve apoiar o paciente, encorajando-o e trabalhando a solução de problemas. Caso necessário, o plano pode ser revisto e reformulado. Ter uma rede de apoio (familiares, cônjuge, amigos, colegas de trabalho) pode surtir ótimos efeitos, como também compartilhar essa mudança com outras pessoas. É necessário criar novos desafios para dar continuidade ao plano.
5 – Manutenção
“Eu ainda sou” e “Eu ainda faço” representam esse momento. A pessoa modificou o comportamento e as mudanças têm sido mantidas por um tempo considerável.
O foco é a prevenção de recaídas e a consolidação dos ganhos obtidos até então. Mas sempre lembrando ao paciente que as recaídas são normais. O melhor é reconhecer o positivo e reforçar o que foi conquistado no período. Proponha um plano de seguimento e explore estratégias para superação dos problemas.
Por fim, gostaria apenas de lembrar que esses estágios de mudança comportamental não são lineares, ou seja, ao longo do tratamento o paciente pode ir e vir de um para o outro.
Com isso em mente, você já pode utilizar o modelo transteórico nos seus atendimentos! Mas se ainda não ficou muito claro, talvez esse resuminho também possa ajudá-lo:
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Referências
ALVARENGA, Marle et al. Nutrição Comportamental. 2.ed. Barueri – SP: Manole, 2019.
DICLEMENTE, Carlo et al. Por que é Tão Difícil Mudar? Synopsis, 2017.
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4 Comentários. Deixe novo
Texto muito informativo…Achei top o modelo transteorico!
Olá Thaílla!
Agradecemos seu comentário aqui no Blog da Sophie. Ficamos felizes em saber que você gostou do artigo 🙂
Um abraço,
Nathalia – Equipe Sophie
Maravilhoso conteúdo,muito obrigado por compartilhar conteúdo tão rico de conhecimento.
Olá Natália!
Agradecemos seu comentário aqui no Blog da Sophie 😉
Abraços,
Nathalia – Equipe Sophie