Nutricionistas, psicólogos, médicos, educadores físicos, fisioterapeutas, entre outros profissionais de saúde, têm como um dos desafios proporcionar a adesão ao tratamento pelo paciente, evitando o abandono e consequências negativas para a saúde.
A não adesão pode ser considerada até mesmo um problema de saúde pública e, como já deve ter percebido, simplesmente prescrever um medicamento ou uma dieta não são garantia de que o paciente irá aderir ao processo terapêutico, pois trata-se de uma tarefa complexa e multifatorial.
Aqui você pode aprender um pouco mais sobre adesão ao tratamento e conferir algumas dicas para melhorar a adesão dos seus pacientes.
Vamos lá?
O que é adesão ao tratamento?
A Organização Mundial de Saúde definia, em 2001, a adesão ao tratamento como “o grau com que o paciente segue as instruções médicas”. No entanto, essa definição pode ser vista como insuficiente, pois existe uma gama de intervenções usadas em tratamentos, como também diversos profissionais de saúde podem estar implicados em processos terapêuticos.
A adesão envolve buscar atendimento com profissionais de saúde, tomar medicamentos de forma adequada, comparecer a consultas de acompanhamento e buscar mudanças comportamentais, como hábitos de vida saudáveis, incluindo a alimentação e a prática de atividade física.
Além disso, o tratamento consiste em uma relação que se dá entre paciente e profissional que deve ser pautada na corresponsabilidade, ou seja, o paciente não deve ser visto como um sujeito passivo.
Dessa forma, a adesão ao tratamento pode ser melhor definida como: até que ponto o comportamento de uma pessoa (tomar medicação, adotar uma alimentação saudável, executar mudanças no estilo de vida) corresponde às recomendações acordadas com um profissional de saúde.
Mas o que leva à não adesão?
Muitos fatores podem interagir e influenciar o seguimento de um tratamento, criando barreiras. Entre eles temos:
- Fatores socioeconômicos: pobreza, baixa escolaridade, ausência de apoio social e familiar.
- Fatores relacionados ao tratamento: efeitos colaterais (por exemplo: aqueles dos medicamentos e das dietas restritivas), duração e falhas do tratamento.
- Fatores relacionados ao paciente: estresse, ansiedade em relação ao tratamento; baixa motivação; conhecimentos inadequados sobre os problemas de saúde, falta de aceitação da necessidade de tratamento; crenças negativas sobre a eficácia do tratamento; baixa participação no acompanhamento.
Como melhorar a adesão ao tratamento? Confira 7 dicas
Ao aderir ao tratamento, evita-se complicações na qualidade de vida, na saúde física e mental, bem como desperdícios de recursos médicos.
Para melhorar a adesão ao tratamento é importante que o paciente participe ativamente com os profissionais de saúde, a partir de uma boa comunicação, que é essencial para uma prática clínica eficaz. Para isso, trago aqui 7 dicas que podem ajudar você nisso.
1. Conheça seu paciente
Isso diz respeito a ter conhecimento dos seus problemas de saúde, condições clínicas, experiências anteriores, hábitos. Mas também envolve olhar com empatia e escutá-lo falar sobre questões subjetivas, que envolvem a percepção do problema de saúde, medos, angústias, problemas com o peso e com o corpo.
2. Trabalhe a motivação
Um profissional de saúde não é capaz de motivar um paciente, pois a motivação é um impulso interno, influenciado pelas nossas interpretações individuais, que nos faz agir de determinada forma para atingir nossos objetivos. No entanto, é possível estimular a motivação de alguém, o que pode ser um dos objetivos do atendimento.
3. Identifique barreiras comportamentais à mudança
Converse com o paciente sobre o que o impede de tomar determinadas atitudes e mudanças que fazem parte do seu tratamento, e reflitam juntos sobre o que pode ser feito para transpor essas barreiras.
4. Defina metas de forma colaborativa
O tratamento deve buscar a saúde, e, portanto, a autonomia do paciente. Desse modo, ele deve participar ativamente do processo, tomando as rédeas da situação. Os profissionais de saúde devem atuar como facilitadores, apoiando e indicando os melhores caminhos.
5. Não coloque a perda de peso como objetivo principal
O excesso de peso é considerado um fator de risco para diversas doenças crônicas, e muitas vezes é visto como central em tratamentos. No entanto, o peso não é um comportamento e é mais eficaz focar em mudanças de hábitos alimentares, que consequentemente levarão à perda de peso saudável.
6. Use uma linguagem adequada
A comunicação é imprescindível em um atendimento. Por isso é importante dar espaço para que seu paciente possa se expressar, como também certificar-se de estar sendo bem compreendido. Evite utilizar jargões e palavras pouco usuais e esteja atento também ao atender pessoas com necessidades especiais, garanta a inclusão.
7. Seja flexível
Leve em consideração que cada pessoa tem um tempo e respeite o momento do seu paciente. Também lembre-se que as estratégias do tratamento que envolvem principalmente mudanças comportamentais não são imediatistas. Elas podem acontecer mais ou menos rapidamente. Isso vai depender de cada um. Perceber isso é também uma habilidade que vai sendo desenvolvida pelo profissional aos poucos.
Dica final sobre adesão ao tratamento
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Ao publicar “O Peso das Dietas”, notei uma necessidade de colegas da área de se atualizarem na ciência da Nutrição em relação ao peso, obesidade e transtornos alimentares, além da área comportamental – algo que ainda não é estudado nas faculdades.
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Referências
ALVARENGA, Marle et al. Nutrição Comportamental. 2.ed. Barueri – SP: Manole, 2019.
WHO. Adherence to long-term therapies: evidence for action. 2003.
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