Todos nós precisamos comer para viver. No entanto, em algumas condições de saúde, a alimentação por via oral pode estar impossibilitada ou insuficiente.
Quando isso ocorre, a comida deve ser fornecida de forma diferente. Uma das possibilidades é a terapia nutricional enteral.
Mas, afinal, o que é terapia nutricional enteral? E como devo me portar nesses casos? Veja a diante tudo sobre esse assunto!
Vem comigo!
O que é terapia nutricional enteral?
A terapia nutricional enteral é o que chamamos “alimentação por sonda”. Nesse caso, alimentos preparados artesanalmente e liquidificados ou fórmulas nutricionais compostas por carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas e minerais são administrados por um tubo diretamente no estômago ou intestino com o objetivo de manter e recuperar o estado nutricional do paciente.
Para isso, existem indicações, vias de administração, tipos de alimentação enteral e cuidados a tomar. Nesse post você fica sabendo sobre tudo isso.
Quando é indicada a terapia nutricional enteral?
Na impossibilidade ou insuficiência da alimentação oral, a terapia nutricional enteral pode ser indicada nas seguintes situações:
- Existe risco de desnutrição. Considera-se que esse risco está presente quando a alimentação por via oral não fornece de dois terços a três quartos das necessidades nutricionais diárias do paciente.
- O trato gastrointestinal do paciente não está funcionando total ou parcialmente.
Além disso, a nutrição enteral só deve ser uma opção quando é vista a necessidade de utilizá-la por pelo menos de 5 a 7 dias, ou quando é previsto que um paciente crítico ficará em jejum por mais de 3 dias.
Abaixo estão algumas das principais indicações de terapia nutricional enteral:
- Paciente gravemente desnutrido em pré-operatório;
- Paciente crítico;
- Queimaduras;
- Infecção grave;
- Obstrução intestinal crônica;
- Fístula digestiva;
- Síndrome do intestino curto;
- Doenças inflamatórias intestinais;
- Anorexia nervosa;
- Lesões do sistema nervoso central;
- Câncer de boca;
- Cirurgia de esôfago.
Quais são as vias de administração da terapia nutricional enteral?
As vias de administração da terapia nutricional enteral são escolhidas de acordo com a localização da sonda no trato gastrointestinal.
O tubo pode ser colocado através do nariz chegando até o estômago ou intestino delgado (duodeno ou jejuno), sendo chamadas, respectivamente nasogástricas e nasoentérica (nasoduodenal e nasojejunal).
O tubo também pode ser colocado diretamente no estômago ou no jejuno, através de um orifício (ostomia), conhecidas como gastrostomia e jejunostomia. A escolha vai depender do caso de cada paciente.
Em geral, a localização gástrica permite que um maior volume da alimentação seja administrado e haja uma maior tolerância às fórmulas. Entretanto, pode haver um maior risco de aspiração.
Além das vias de administração, temos os métodos de administração, que podem ser:
- Em bolo: com uma seringa, a alimentação é inserida no estômago com intervalos de 2 a 6 horas. É importante irrigar a sonda com água potável antes e depois (de 20 ml a 30 ml).
- Intermitente: a alimentação flui pela força da gravidade por gotejamento. De 50 ml a 500 ml devem ser fornecidas entre 3 a 6 horas. Quanto à irrigação, recomenda-se o mesmo da administração em bolo.
- Contínua: utiliza-se uma bomba de infusão que permite a administração da alimentação no estômago ou no intestino por 24 horas. Em geral, podem ser fornecidos de 25 ml a 150 ml por hora com interrupção para irrigar a sonda com água.
Fórmulas enterais caseiras ou industrializadas?
Para a terapia nutricional enteral existem fórmulas:
- Industrializadas: podem ser encontradas em pó para diluição; líquidas semi prontas, sendo necessário o envase; e prontas, já envasadas, de modo que podem ser acopladas diretamente no equipo. O risco de contaminação microbiológica é menor, principalmente no caso das fórmulas prontas, porém, o custo pode ser mais alto.
- Não industrializadas, caseiras ou artesanais: baseada em alimentos in natura, preparadas em casa ou no hospital e liquidificadas. Em geral, apresentam menor custo e permitem individualização da alimentação quanto à composição nutricional. No entanto, pode haver maior risco de contaminação microbiológica e de obstrução da sonda.
É importante que as vantagens e desvantagens sejam avaliadas, sempre considerando a capacidade absortiva de cada paciente, condição financeira e composição da alimentação.
Três elementos para uma terapia nutricional enteral mais humanizada
De acordo com a RDC Nº 503, de 27 de maio de 2021, é obrigatória uma equipe multiprofissional, composta minimamente por médico, nutricionista, enfermeiro e farmacêutico para executar, supervisionar e avaliar a terapia nutricional enteral. No entanto, outros profissionais também podem estar presentes, como fonoaudiólogo e psicólogo.
O médico é responsável pela prescrição médica, o nutricionista pela prescrição dietética e supervisão do preparo, o enfermeiro administra a nutrição enteral e o farmacêutico deve adquirir, armazenar e distribuir as fórmulas industrializadas.
Essas questões técnicas são muito importantes, mas além delas é essencial que a equipe de profissionais promova um tratamento respeitoso e humanizado. Para isso, considere esses três elementos que separei para você:
1- Comunicação
Discuta os prós e contras da nutrição enteral com o paciente e seus familiares. Tranquilize-os e ensine-os a conviver com a sonda e como proceder diante de desconfortos intestinais, náuseas e cólicas.
2- Vida social
Como sabemos, alimentação não é apenas nutriente, mas também prazer. No caso da nutrição enteral, os pacientes não percebem o sabor e textura dos alimentos e podem sentir falta de socializar em torno da mesa com familiares e amigos. Discutir os sentimentos relacionados a isso e incentivar momentos de socialização pode até mesmo ser uma forma de ajudar no tratamento.
3- Rede de apoio
Por fim, uma rede de apoio é extremamente vantajosa para quem necessita de terapia nutricional enteral. Além dos profissionais de saúde, familiares, amigos e outras pessoas que estão convivendo com a sonda podem ser de grande ajuda. Como esse pode ser um momento difícil, também é interessante incentivar a busca por psicólogos.
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Referências
CUPPARI, Lilian. Nutrição clínica no adulto. 4.ed. Barueri – SP: Manole, 2019.
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